A Editora Alterosa terá de pagar por obrigar um trabalhador a ficar de cuecas todos os dias no ambiente de trabalho, para verificar se ele portava cartões de créditos impressos pela empresa. A 7ª turma do TST aumentou de R$ 2 mil para R$ 20 mil o valor da indenização.
Na ação trabalhista, o autor disse que a empresa exigia a retirada da roupa quatro vezes ao dia. No início e fim do expediente, e na entrada e saída do intervalo intrajornada. As revistas aconteciam todos os dias perante os colegas com o objetivo de impedir furtos na Editora. Segundo ele, os trabalhadores precisavam passar por um corredor de vidro espelhado sob a análise de seguranças.
Já para a empregadora o procedimento adotado é considerado natural e decorre do seu poder diretivo, uma vez que o trabalhador foi contratado para atuar no Departamento de Impressão de Cartões Plásticos, onde eram produzidos cartões bancários, de crédito e débito, entre outros “dinheiros eletrônicos”. Ainda, segundo a empresa, a prática adotada não pode ser considerada abusiva nem constrangedora já que não havia contato físico com o trabalhador.
O trabalhador recorreu ao TST depois que o TRT da 3ª região (condenou a empresa ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 2 mil. Valor considerado “ínfimo” pelo empregado. Ao analisar o caso, o relator convocado, desembargador Arnaldo Boson Paes, disse que ficou comprovado que o trabalhador era constrangido ao exibir suas roupas íntimas, dia após dia, caracterizando invasão à intimidade.
“A constatação de ofensa à intimidade não pressupõe o contato físico entre o empregado vistoriado e o vigilante, sendo suficiente a realização do procedimento abusivo atinente à revista visual.”
O valor indenizatório também foi considerado baixo pela 7ª turma que, em decisão unânime, determinou sua elevação de R$ 2 mil para R$ 20 mil.
Fonte: Migalhas
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